A identificação do problema central

O primeiro passo para a formulação de uma política pública é a análise do cenário global e identificação de um exato problema.

Tal análise é complexa e se baseia na observância dos mais diversos fatores, ligados à economia, à cultura, à história, ao sistema político e etc. deve ser uma análise efetivamente global, que tenha em conta toda a estrutura do país para entender exatamente qual a sua realidade. Diante desta análise, certamente sobressairão problemas de segurança pública - como em qualquer sociedade. O que varia, de local para local, é a espécie dos problemas que surgem e a gravidade com que eles ferem a segurança pública.

Exemple

Pense no caso do Brasil, por exemplo. Trata-se de um país que possui um histórico de escravidão, somado à misoginia estrutural e ao patriarcalismo. Mesmo com o passar dos séculos, o tratamento dado às mulheres no âmbito de empregos e oportunidades continua sendo discriminatório, com diversos casos de mulheres ganhando menos que os homens, ocupando menos cargos de diretoria e sendo menos contratadas pelas empresas. Isso gera, em centenas de famílias, a dependência financeira de tais mulheres, que se veem presas em relacionamentos abusivos, dos quais muitas vezes não conseguem sair por medo das agressões ou porque não teriam como se sustentar sozinhas. Nesse cenário, são justamente os homens, criados em uma sociedade intrinsecamente machista e misógina, que compõem a absoluta maioria dos agressores nos casos de crimes contra mulheres - sejam elas cis ou transexuais1.

Todos esses fatores se somam e colaboram para que, ainda hoje, haja uma crescente dos números de violência doméstica e dos crimes de ódio contra transexuais no Brasil. Assim, portanto, foi identificado um problema: os elevados índices de violência de gênero em território nacional.